Marrakesh, no Marrocos, tem museus surpreendentes

Em Marrakesh, no Marrocos, os museus são surpreendentes, tanto pela construção arquitetônica, quanto pelas narrativas que constituem suas histórias.

Alguns foram instalados em antigos palácios como o Museu de Marrakesh, abordado na matéria anterior. Outros, mais recentes foram adaptados de antigos Riads –casas habitadas pela alta sociedade no início da colonização de Marrakesh, que posteriormente se transformaram em hotéis turísticos, na Medina, situada na “cidade antiga”.

Retalhos de tecidos para a confecção de tapetes

O Museu Boucharouite, foi instalado há três anos, no antigo Riad Dar Dallah, na Medina. Já foi habitado no século 18 pela alta sociedade de advogados e juízes.

O proprietário, Patrick Maillard, um francês que mora há 16 anos no Marrocos, afirma que visitou mais de 150 instalações até optar pelo local. É um oásis em meio às ruas repletas de mercadores e ruídos da Medina.

O francês, Patrick Maillard, proprietário do Museu Boucharouite, que recebe os turistas com alegria e cordialidade

Os tapetes são produzidos culturalmente há mais de 50 anos a partir de retalhos e tiras finas de tecidos. São feitos, exclusivamente, por mulheres artesãs em aldeias afastadas no interior do Marrocos.

O tear para a confecção dos tapetes é feito a partir de algodão e fibras sintéticas; retalhos de roupas usadas, pois são matérias-primas mais baratas e de fácil acesso em comparação com a lã, que facilita a aquisição nas comunidades de baixa renda econômica. É considerado o “carpete dos pobres”, mas na verdade são tapetes marroquinos maravilhosos baseados na arte popular e na iconografia do Rei Mohamed 5º, do Marrocos.

MUSEU BOUCHAROUITE
Onde: Azbezt 107, derb El Cadi. Em frente à mesquita Azbezt
Quanto: 40 dihans (€ 4)

O Heritage Museu também foi instalado em um antigo Riad, construído no 17, no coração da Medina. Estão expostos artefatos, antiguidades e vestimentas da cultura marroquina originados dos árabes, judeus e berberes –colonizadores do Marrocos, que vieram do Norte da África. São vasos de cerâmica, joias e trajes tribais, tapetes bordados à mão, utensílios de cozinha, portas de celeiros, manuscritos, entre outras antiguidades históricas, expostas com muito requinte e bom gosto.

Vasos de cerâmica históricos que remetem à colonização de Marrocos, logo na entrada do museu

Durante a exposição é possível aprender sobre o método natural e sustentável no processo artesanal do tingimento de tapetes e tecidos marroquinos – que não desbotam com o passar do tempo, além das técnicas aplicadas na grafia dos manuscritos islâmicos. O museu possui seis salas de exposições e quatro salões principais, divididos em dois andares.

Vestimentas dos berberes

É possível apreciar a complexidade e a riqueza da história da colonização de Marrocos, os mistérios arquitetônicos das antiguidades árabes e o significado por trás de cada objeto exposto.

O diferencial deste museu é que possui cartilhas explicativas em inglês, árabe e francês sobre a colonização berbere, no Marrocos, suas raízes e disputas territoriais que ocorreram ao longo dos séculos.

HERITAGE MUSEU
Onde: 25 Znikt Rahba, Medina, Marrakesh. A 100m da praça Jeema El Fna
Quanto: 30 dihans (€ 3)

Por Carolina Maximo, 31 anos, jornalista, pesquisadora, especializada em Meio Ambiente e Sustentabilidade, atua em ONG’s e setor privado na área de comunicação organizacional. Realizou diversos trabalhos voltados para comunicação e meio ambiente. Atualmente, pesquisa a relação do trabalho escravo e a insustentabilidade na cadeia produtiva relacionada à cobertura da imprensa. É mestranda em Comunicação, na Faculdade Cásper Líbero. Foi à Marrakesh para cobrir a COP 22, da ONU. Aproveitou as horas de descanso para explorar a cidade.

Contato: carolinamaximo@uol.com.br