Travessia dos Lagos Andinos é viagem em território selvagem

Por: Márcio Diniz

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

Por aquelas terras geladas e inóspitas, entre a Argentina e o Chile, já passaram huilliches, padres jesuítas e europeus de espírito aventureiro, em busca de vulcões e lagos glaciais.

Há mais de um século, navegar aquele território patagônico significa ver vulcões, canais estreitos, florestas centenárias e povoados minúsculos. E seja qual for a época do ano, a sensação é a de que você é o primeiro forasteiro a colocar os pés por ali.

Travessia dos Lagos Andinos é viagem em território selvagem do Chile e Argentina

Criada em 1913 pelo suíço Ricardo Roth, responsável pelo primeiro cruzamento com fins turísticos na região, a Travessia dos Lagos é uma viagem de sete etapas (lacustres e terrestres), com duração de até dois dias, entre Porto Varas (Chile) e Bariloche (Argentina).

Roth, viajante que já havia percorrido a Patagônia a cavalo, atuado ao lado do explorador Perito Moreno e ajudado na criação das primeiras terras preservadas do Chile (o Parque Nacional Vicente Pérez Rosales), foi o primeiro a cruzar a região com europeus interessados na exploração daquelas terras isoladas e inóspitas.

Navegação pelo Lago Frías, na Argentina (Foto: Eduardo Vessoni)

A viagem começa a mais de mil km da capital chilena, em Puerto Varas, passa por Puerto Montt, capital da Região dos Lagos, e segue em ritmo lento por uma sequência única de paisagens que inclui lagos de origem glacial, vulcões adormecidos de picos nevados, florestas centenárias, povoados minúsculos e bosques de lengas e alerces andinos.

Parece improvável, mas aqueles cenários opostos – de bosques coloridos de ‘arrayanes’ e alerces, de um lado; e lagos de origens glaciares sob picos nevados, do outro – são suficientes para convencer até o passageiro mais friorento a deixar a cabine interior para encarar o frio congelante, lá fora.

Navegação próximo a Puerto Frías, na Argentina (Foto: Eduardo Vessoni)

Conheça abaixo as atrações da travessia:

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Saltos del Petrohué (foto: AlejandroVN/Flickr-Creative Commons)

Margeando o Lago Llanquihue, de onde se têm vistas para os vulcões Osorno e Calbuco, chega-se ao Parque Nacional Vicente Pérez Rosales. É ali que se localizam os Saltos del Petrohué, formações de rochas vulcânicas cortadas por quedas d’águas de tons azulados do rio Petrohué.

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Peulla (Foto: Eduardo Vessoni)


Localizado a vinte milhas do Lago Todos Los Santos, um dos ícones naturais da região e a duas horas de navegação, Peulla é a parada seguinte, um povoado minúsculo com apenas 120 habitantes que vivem, exclusivamente, do turismo e da agricultura.

Sem acesso terrestre, o destino serve de abrigo para quem cruzar os lagos no roteiro de dois dias, antes de cruzar a fronteira com a Argentina, em Puerto Frías. Nessa região de ecoturismo é possível realizar atividades extras como cavalgadas, trilhas curtas, passeios de catamarã e safáris rurais.

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Vista do vulcão Osorno (Foto: Eduardo Vessoni)

Em dias de céu azul, esse vulcão dá as caras, do alto de dos seus 2.661 metros sobre o nível do mar.

Cartão postal natural entre Porto Montt e Porto Varas, no Chile, esse vulcão possui fácil acesso para quem chega por vias terrestres e oferece vistas panorâmicas do lago Llanquihue e do rio Petrohué, além de abrigar uma estação de esqui construída a seus pés.

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Puerto Blest (Foto: Eduardo Vessoni)

Em território vizinho, o viajante navega os três quilômetros que separam o Lago Frías da pequena Puerto Alegre, um os trechos mais belos de toda a viagem, de onde se realiza uma

[tab:Cascada Los Cántaros]
Rodeado pela típica selva Valdiviana da Patagônia, em um dos braços do Lago Nahule Huapi, Puerto Blest é ponto de partida para essa cachoeira com acesso a partir de uma escada.

[tab:Puerto Pañuelo]
Este é o último trecho marítimo, cuja viagem de uma hora pelo Lago Nahuel Huapi termina em Puerto Pañuelo, porto aos pés da colina que serve de endereço para outro símbolo da região, o clássico hotel Llao Llao.

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Bariloche visto do alto do Cerro Otto, um dos atrativos naturais desse destino da Patagônia argentina (Foto: Bariloche Turismo/Divulgação)
Créditos: Andre Pinnola
Bariloche visto do alto do Cerro Otto, um dos atrativos naturais desse destino da Patagônia argentina (Foto: Bariloche Turismo/Divulgação)

A sétima etapa da viagem é realizada em ônibus, a 25 km da parada final, em Bariloche.

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– A viagem de até dois dias é longa e cansativa. Por isso não deixe de levar roupa confortável e bem abrigada, por conta do vento e frio patagônicos.

– A travessia de sete etapas inclui três deslocamentos pelos lagos e outros quatro por terra, cujo percurso pode ser feito a partir do Chile ou no caminho contrário, a partir de Bariloche, na Argentina. Para quem começa pelo lado chileno o embarque é em Porto Varas.

foto: Cruce Andino/Divulgação

– A viagem completa pode durar um dia inteiro ou dois com pernoite em Peulla, no Chile. Nos meses frios de outono e inverno, os passageiros devem pernoitar, obrigatoriamente, nesse povoado de apenas 120 habitantes.

– Os restaurantes visitados ao longo da viagem nem sempre atende ao gosto dos viajantes e alguns contam com menus fechados (com poucas opções de pratos e serviço sofrível). Por isso, procure levar seu próprio lanche para as horas que bater a fome.

– Para melhor aproveitar a experiência, evite as saídas de um dia, um roteiro que começa às oito da manhã, em Puerto Varas, e só termina às 20h30, em Bariloche.