Sem largar tudo, casal de publicitários viaja pelas Américas

Conhecer o mundo e fazer viagens de longo prazo sempre pareceu algo para pessoas ricas ou para quem estava disposto a abandonar absolutamente tudo. Pelo menos parecia assim até pouco tempo, quando a internet deixou tudo mais fácil e aproximou pessoas, lugares e oportunidades.

Para o casal de publicitários  Nayara Tochio, 25 anos, e Renato Rodrigues, 39, parecia que toda semana havia um artigo com a chamada “Casal larga tudo e sai para conhecer o mundo”, “Publicitário larga profissão e sai para uma viagem sem data pra acabar” e ainda que parecesse um sonho, sempre era um sacrifício em busca do destino. Sempre havia muito a se perder para muito se ganhar.

 

Mas por que não poderia ser diferente? Em um mundo conectado ainda não é possível se ter (quase) tudo com que se sonha?

Juntos, eles tomaram uma decisão que afetaria todas as outras: não ter medo. Não abririam mão de seu apartamento em São Paulo, mas não seriam ancorados por ele. Não venderiam as coisas que mais gostavam, como a biblioteca e os itens de arte, mas não olhariam para trás por um bom tempo, pensando no que deixaram.

E havia um jeito de fazer isso: tornando-se nômades digitais.

Os dois publicitários planejaram por um ano e meio e partiram para cumprir seu roteiro em dezembro de 2016: uma jornada que os levará de São Paulo até o Ushuaia e de lá até o Alasca e retornando para casa, parando em 16 países, descobrindo lugares, culturas e pessoas, aprendendo um novo idioma e abertos a tudo que a estrada reservar para eles.

Para isso, o casal comprou uma antiga Base Móvel da Polícia Militar de São Paulo e converteram em casa e escritório durante oito meses. Para economizar, fizeram tudo sozinhos ou com a ajuda da Chicão Guerrero Cenografia, que decidiu patrocinar a construção dos móveis que eles desenharam.

Batizado de “Major Tom”, em homenagem ao falecido músico David Bowie, o motorhome carrega suas coisas e seus clientes pela estrada.

Já em dezembro eles saíram de São Paulo com três clientes em seu portfólio e cinco entregas de projetos para a primeira semana de 2017. “Trabalhamos todos os dias desde que saímos, mas reservamos os finais de semana para conhecer os lugares onde estamos”, conta Nayara.

“Imagine sua semana. Você acorda, toma café, pega trânsito e vai para o escritório. Almoça, trabalha, às vezes volta pra casa direto, às vezes sai com amigos… Nossa vida é igual, mas em outros lugares. Trabalhamos todos os dias em que passamos em Punta del Este, mas caminhamos todas as manhãs pela praia, saímos a noite, jantamos com novos amigos e vimos lindos pores-do-sol.”

Empresas como a agência F/Malta compraram a ideia e fecharam acordos de trabalho nômades com eles. Segundo Felipe Malta, “muitas agências hoje estão adotando a proposta de home office, nesse caso a home deles será um motorhome em constante mudança de locais pela América inteira. No fim, todo mundo sai ganhando.”

“Na verdade, em fevereiro iremos fazer exatamente a mesma renda que tínhamos em São Paulo, que felizmente era muito boa, mas vivendo na estrada, onde o custo de vida é mais barato”, revela Renato.

“Temos uma meta de R$ 100 de gasto por dia e temos ficado dentro deste valor, mesmo passando quase um mês no Ushuaia, um dos destinos mais caros da América do Sul. Na verdade, somos mais ricos agora do que jamais fomos, afinal o Major Tom é uma casa de inverno no Ushuaia, de verão em Quito, de campo em Mendonza e um belo flat em Manhatan. A gente só precisa chegar lá e trabalhar duro no caminho”, diz Renato.

O casal narra suas experiências no site do Passa Fronteiras, na sua página do Facebook e perfil do Instagram.