República Tcheca respira história, cultura e cerveja

O país, que nasceu da divisão da antiga Tchecoslováquia, em 1993, guarda tesouros arquitetônicos ainda bem preservados

Alguns destinos encantam por suas praias paradisíacas de águas cristalinas e areias brancas. Outros por suas construções seculares. Há também aqueles que fascinam por suas riquezas históricas e culturais. A República Tcheca se enquadra neste último.

O país, que nasceu da divisão da antiga Tchecoslováquia, em 1993, guarda tesouros arquitetônicos ainda bem preservados. Tanto na capital Praga, como nas cidades do interior do país, é possível encontrar construções em estilo romano, barroco, renascentista, gótico, soviético e até cubista.

Vista panorâmica da cidade de Praga, uma das capitais mais bonitas da Europa, com a ponte Carlos ao fundo
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Vista panorâmica da cidade de Praga, uma das capitais mais bonitas da Europa, com a ponte Carlos ao fundo

A República Tcheca também mantém viva a lembrança de seus cidadãos notáveis como o escritor Franz Kafka (1883-1924) e o compositor Antonín Dvořák (1841-1884).

Mas talvez seja a cerveja um dos bens imateriais mais admirados pelos tchecos. Não é a toa que eles são os maiores consumidores da bebida no mundo. Sim, os tchecos bebem mais cervejas que os alemães.

Vista da cidade de Praga a partir do mirante do mosteiro de Straho

Aliás, o país é a terra natal das cervejas tipo pilsen e budweis, que também são nomes de cidades –Plzen (Plzeň, em tcheco) e Budweis. A paixão pela bebida é tanta que existem spas onde a cerveja é a estrela.

Turismo em números

Nos últimos anos, a República Tcheca vem se tornando num dos principais destinos turísticos da Europa. Só no ano passado, o país recebeu mais de 8 milhões de turistas estrangeiros, crescimento de 8% em relação ao ano anterior. Desse total, cerca de 70 mil eram brasileiros, o que faz do Brasil o maior emissor de turistas da América Latina.

Turistas no bairro judeu, um dos locais mais visitados de Praga

Um dos motivos é o ótimo custo-benefício que o país oferece aos turistas. A capital Praga é uma das mais baratas da Europa. Uma diária na cidade, por exemplo, custa em média € 70. A forte valorização do euro frete à moeda local –a coroa tcheca– é outro atrativo para o bolso. Um euro vale em média 26 coroas.

Turista toca em imagem de São João Nepomuceno na ponte Carlos; reza a lenda que o gesto traz sorte

Outro fator é a segurança. A República Tcheca é um dos dez países mais seguros do mundo, segundo o ranking Global Peace Index, que analisa, desde 2007, o grau de segurança e paz de diferentes países. Na última edição, o país saltou da 10ª posição para a 6ª.

Confira abaixo (é só clicar nas abas) algumas atrações imperdíveis para conhecer nas cidades de Praga, Karlovy Vary, Plzeň (Pilsen) e Český Krumlov.

[tab:Praga]

O relógio astronômico é uma das principais atrações da capital tcheca
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O relógio astronômico é uma das principais atrações da capital tcheca

Considerada a cidade mais bonita do Leste Europeu, Praga respira história, cultura e diversão. A cidade abriga construções seculares e históricas como o Castelo de Praga, o Relógio Astronômico (Orlo), o Palácio Wallenstein com seus belos jardins (atual sede do Senado tcheco) e a ponte Carlos, construída em 1357 sobre o rio Moldava, que são algumas das inúmeras atrações da capital tcheca –também conhecida como a “cidade das 100 torres”, por conta das inúmeras igrejas, apesar de ser considerado um país ateu.

Praga é dividida em 22 distritos –quanto maior o número, mais distante fica do centro. Mas isto não é problema, já que a cidade conta com uma ótima infraestrutura de transporte público (ônibus e metrô).

Mas é no primeiro distrito –Praha 1– que estão localizadas as principais atrações da capital tcheca. É possível conhecer toda a região a pé.

Castelo de Praga e Ponte Carlos

Um lugar que não pode ficar de fora do roteiro de quem visita Praga pela primeira vez é o Castelo de Praga. Considerado o maior do mundo, o local tem mais de mil anos de história. Seu complexo arquitetônico tem área equivalente a sete campos de futebol e possui diversos pátios, jardins e ruas com casas de estilos distintos, construídas e modificadas ao longo dos séculos.

Entrada do Castelo de Praga, um dos cartões-postais da capital tcheca

A troca da guarda é um espetáculo à parte. Ela acontece todos os dias ao meio-dia no portão principal do castelo.

Não deixe de visitar a Catedral de São Vito, que começou a ser construída em estilo gótico em meados do século 13 e que, oficialmente, ainda não está pronta. Lá estão os restos mortais de São Venceslau, patrono do país, São João Nepomuceno e dos imperadores Carlos 4º e Rodolfo 2º.

A troca da guarda do castelo de Praga é uma das atrações

Algumas atrações no Castelo de Praga são gratuitas, mas outras cobram ingressos para entrar. Os bilhetes dos passeios completos custam a partir de 350 coroas tchecas (saiba mais aqui).

Fachada da Catedral de São Vito

Outra construção histórica que merece uma visita calmamente é a ponte Carlos. Com cerca de 500 metros de extensão e 10 metros de largura, a ponte liga a Cidade Velha (Staré Město) ao Castelo de Praga. Construída em 1357, ela foi até 1841 a única ligação direta entre os dois lados da cidade. O monumento exibe ainda 30 estátuas, como a de São Vito, o padroeiro de Praga, e a de São João Nepomuceno –reza a lenda que tocar a estátua traz sorte e a chance de voltar a Praga.

A ponte Carlos e suas 30 estátua

Na Cidade Velha, o Relógio Astronômico e a Torre da Pólvora são atrações imperdíveis. Sente-se em um dos inúmeros bares ao redor da praça central para saborear uma das inúmeras cervejas tchecas.

[tab:Karlovy Vary]

Vista de Karlovy Vary é famosa por suas águas medicinais desde a Idade Média

Karlovy Vary (a 120 km de Praga e próxima da fronteira com a Alemanha) atrai milhares de turistas todos os anos que buscam em suas águas medicinais cura para doença, como problemas digestivos, ou simplesmente relaxar em um dos spas instalados nos luxuosos hotéis da cidade.

Suas fontes de águas termais –12 espalhadas pelas cidade, e algumas chegam a 70ºC– são famosas desde a Idade Média e já atraíram personalidades como Goethe, Beethoven, Gogol, Wagner, Marx, Freud e Strauss.

Cortada pelo rio Teplá, Karlovy Vary foi fundada em 1370 pelo imperador Carlos 4ª é a segunda cidade mais visitada da República Tcheca.  A beleza da arquitetura das construções e de seus jardins são um convite para desbravar a cidade a pé.

Uma das inúmeras fontes de águas medicinais de Karlovy Vary

Entre os pontos turísticos estão o antigo mercado central e as colunatas, onde antigamente realizavam-se feiras, concertos e encontros. A mais famosa é a Mlýnská, construída entre 1871 e 1881, e possuiu 124 imponentes colunas.

A cidade também é famosa pelos waffers artesanais, que são produzidos desde o século 18, e por um licor composta de 30 ingredientes e que é considerado a 13ª fonte, o Becherovka. Há até um museu que conta a história da bebida e de seus fundadores.

Todos os anos em julho, Karlovy Vary abriga um dos festivais de cinema mais antigos da Europa (a edição desde acontece entre os dias 1º e 9). A cidade, por sinal, já foi cenário de inúmeras produções como “Cassino Royale”, o primeiro de Daniel Craig como 007, e que teve como locação o magnífico Grande Hotel Pupp, e “As Férias da Minha Vida”, com Queen Latifah e Gérard Depardieu.

Spa de cerveja

Spa de cerveja é uma das atrações de Karlovy Vary

Uma moda que vem ganhando destaque nos últimos anos são os  “beer Spas” (spas de Cervejas, em português). De hotéis a cervejarias, os espaços chamam a atenção dos turistas por seus banhos de cerveja terapêuticos, que prometem aliviar o estresse, eliminar substâncias nocivas ao corpo e regenerar a pele, além de relaxar a mente e o corpo.

Os banhos com águas termais a 37ºC são preparados com receita original composta de levedura, variedade diversas de lúpulo, malte e extrato de turfa, os mesmos elementos que compõem a cerveja, mas em seu estado natural, Visitamos o Carlsbad (www.pivnilazne-kv.cz), o primeiro balneário de cerveja de Karlovy Vary.

[tab:Pilsen]

Se você é amante de cerveja então não pode deixar a cidade de Pilsen (Plzeň, em tcheco) de fora do roteiro.

Fachada da fábrica da Pilsner Urquell[/img]

Da construção original ficou apenas o pórtico de entrada e “cavernas geladas”, que têm cerca de 30 mil m² e ficam a 100 metros de profundidade. A temperatura, que gira em torno dos 7ºC, ajuda no processo de fermentação da cerveja. O líquido fica armazenado em dezenas barris por até 30 dias. Ao final do passeio é possível degustar a bebida diretamente do barril, sem filtrar e pasteurizar. O sabor é único e vai te deixar com gosto de quero mais.

O passeio dura cerca de 1h30 minutos e custa 200 coroas tchecas (cerca de R$ 30).

Centro histórico

Mas nem só de atrações ligada à bebida preferida dos tchecos vive Pilsen. A ampla praça Namesti Republiky abriga a imponente Catedral de São Bartolomeu, construída entre os séculos 13 e 16 em estilo gótico.

Se você tiver fôlego vale a pena subir os 300 degraus que levam ao topo da torre da igreja, que tem 103 metros de altura. A vista panorâmica da cidade é recompensadora. Dá até avistar as montanhas do Parque Nacional de Sumava, que fica na fronteira com a Alemanha.

Outra atração que merece ser visitada é a Grande Sinagoga (www.pilsen.eu), considerada a segunda maior da Europa, perdendo em tamanho apenas a de Budapeste (Hungria).

Do outro lado da catedral, Muzeum Loutek (Museu de Marionetes, em português –

www.muzeumloutek.cz) celebra uma antiga forma de arte tcheca. O museu fica em uma casa em estilo gótico e abriga bonecos de todo tipo e tamanho. Destaque para os de Spejbl e Hurvinek, uma dupla humorística de fantoches criada em Pilsen, na década de 1920.

O Museu da Cerveja (www.prazdrojvisit.cz), o prédio da Câmara Municipal, projetado pelo arquiteto italiano Giovanni de Statia, e o Patton Memorial (www.patton-memorial.cz), museu dedicado ao general americano George S. Patton, que libertou a cidade das tropas alemãs em maio de 1945.

Quando a fome e a sede bater, a dica é ir ao tradicional restaurante Na Parkánu (www.naparkanu.com), que pertence à cervejaria Pilsner Urquell e fica ao lado do Museu da Cerveja. Depois da fábrica, só aqui é possível beber a versão não filtrada e não pasteurizada da cerveja.

Declarada patrimônio da humanidade pela Unesco em 1992, a pequena cidade medieval de Český Krumlov (a 190 km da capital Praga), no sul do país,  parece ter saído de um conto de fadas.

A cidade foi construída em torno do castelo de Český Krumlov, o segundo maior da República Tcheca –perde apenas para o de Praga–, que data do século 13, às margens do rio Vltava.

Český Krumlov mantém preservado cerca de 300 edifícios históricos que guardam a herança arquitetônica medieval da cidade e que nos levam a uma verdadeira viagem no tempo.

Do alto da torre do palácio é possível ver toda a beleza de Český Krumlov, como o centro histórico e a igreja e São Vitor.

Mais cerveja

 

Um passeio por Český Krumlov não será completo sem visitar a cervejaria Eggenberg (

www.eggenberg.cz/), fundada em 1560. Um detalhe curioso chama atenção: desde sua inauguração, a pivovar (cervejaria em tcheco) usa utiliza a mesma fonte de água para a fabricação de sua cerveja.

[tab:Gastronomia]

A cozinha tcheca é bem parecida com a alemã e a austríaca. É farta rica em carnes de todos os tipos, principalmente de porco, servidas quase sempre com arroz, batata ou bolinhos, e inclui pouca verdura.

Entre os pratos mais tradicionais, destaca-se o gulash –uma espécie de guisado de carne de vaca servido com cebolas e um molho denso semelhante ao madeira e que vem acompanhado de knedlíky, uma massa de batata cozida na água e sal.

Quem é fã de doce vai se esbaldar na República Tcheca, em especial na capital Praga. A cada esquina é possível encontrar uma cukrárna (confeitaria) ou barracas que vende iguarias como o trdlo (ou trdelník), um tubo anelado feito com uma massa semelhante a do Pretzel e polvilhado com açúcar, que pode ser saboreado ao natural ou com recheio.

[tab:Serviço]

Idioma – O idioma oficial do país é o tcheco. Além da língua oficial, mas a maioria dos tchecos também fala inglês ou alemão.

Visto – A República Tcheca é um país da Zona Schengen. E, neste caso, os brasileiros não necessitam de visto. Mas é necessário um seguro de viagem com cobertura de € 30 mil.

Moeda – A pesar de integrar a União Europeia, a República Tcheca a moeda oficial do país não é o euro, e sim a coroa tcheca (CZK). Um euro equivale a aproximadamente 28 coroas tchecas. Um conselho: não faça o câmbio no aeroporto. Além das taxas, a cotação é bem inferior a pratica pelas inúmeras casas de câmbios espalhadas por Praga.

Transporte –  Praga possui um sistema de transporte público barato e eficiente, com uma rede integrada de ônibus, bondes, metrô e um funicular no Monte Petrin. O centro histórico é compacto e destinado apenas para pedestres, porém os bondes oferecem um meio barato para passear pelo resto da cidade e há bastantes estações de metrô no centro.

As linhas de bonde cruzam o centro e são a melhor maneira de locomoção, após o metrô.

As redes rodoviária e ferroviária também são bem accessíveis. Sobre as viagens de trem ou ônibus, é possível informar-se no site www.jizdnirady.cz

Tomada – A corrente elétrica é de 230 volts, 50 Hz. As tomadas com dois pinos redondos e com um orifício para um pino macho de aterramento são o padrão. A maioria das tomadas também aceita os tradicionais plugues europeus de dois pinos.

Voos – Não há voos diretos entre o Brasil e a República Tcheca. As melhores opções são pela KLM (com conexão em Amsterdã), ou pela AirFrance (conexão em Paris) – em ambos os trechos, tanto na ida como na volta, é possível fazer um “stop over” em custo extra no valor da passagem.

A KLM tem sete voos semanais entre São Paulo e Amsterdã. Partindo do Rio, a frequência é de seis voos. Os bilhetes custam em média US$ 549 (cerca de R$ 1.840, sem taxas). Mais informações em: www.klm.com.

*O jornalista viajou à convite da Czech Tourism e da KLM