Chicago respira arquitetura e esbanja atrações ao ar livre

Por: Márcio Diniz

*Por Thiago Guimarães Cobra

Se você gosta de viajar e nunca se interessou pelos Estados Unidos por conta do estereotipo do país ligado ao consumismo e tudo que ele envolve, talvez seja a hora de dar uma chance à sagrada terra do bacon e conhecer a encantadora Chicago.

Embora já tenha ido outras vezes aos Estados Unidos, não considerava que encontrasse algum lugar ali que fosse capaz de satisfazer meu interesse por história, por arte e principalmente pelas pessoas nas ruas. Mas foi em Chicago que encontrei um modelo de cidade que gostaria de levar pra casa e buscar implantar, seja no transporte, ou mesmo na maneira como nos relacionamos com o patrimônio cultural e natural.

Chicago possui uma rede de transporte público invejável, com linhas de metrô que formam uma malha bem funcional no centro da cidade, e que vai até a maioria dos arredores no interior (até o Aeroporto também, o que facilita a vida dos turistas). E onde o metrô não vai, os ônibus também são bastante eficientes, com itinerários que preenchem as lacunas entre as linhas.

Fora esse sonho de transporte público, andar a pé pelo centro da cidade já é bastante convidativo. Em pleno inverno de -19ºC, é incrível ver tanta arquitetura bonita na mesma vizinhança, respirar tanta vida na margem do rio Chicago e na Avenida Michigan, conhecida localmente como The Magnificent Mile (“A Milha Magnífica”). Por esse apelido, você já começa a entender a forma como eles tratam e vivem sua cidade.

No final (ou começo) desta avenida, há um parque (Millenium Park) que reúne tudo aquilo que todo parque deveria se dar o trabalho de reunir: natureza, arte e espaços de convivência. Imensas áreas de plantas (não digo áreas verdes porque estavam cobertas de neve), um anfiteatro que constantemente recebe espetáculos gratuitos, obras de arte expostas no meio das calçadas, pista de corrida e o Instituto de Arte de Chicago, considerado atualmente o melhor museu do mundo, que merece um texto só para ele.

Confesso, eu fiquei apaixonado pela cidade. Mas fora toda a infra-estrutura e o acervo cultural, o que mais me encantou foram as pessoas, o jeito que elas vibram ao falar de Chicago, e é isso que queria sentir quando falo da minha cidade (onde nasci ou onde moro). Fiquei amigo de um advogado, que aos finais de semana trabalhava como voluntário no hostel onde fiquei porque ele queria ter a oportunidade de mostrar às pessoas de fora o quão incrível era a cidade dele. Outras pessoas, nos restaurantes ou cafés, vinham perguntar como estava sendo a viagem, e dar dicas de lugares para conhecer.

Por duas vezes fui parado na saída do Starbucks por pessoas que viviam na rua, que me pediram para lhes pagar um café, afinal estava bem frio e uma bebida quente ajudaria a amenizar a situação. Além de querer ajudar, pensei nas histórias que essas pessoas poderiam contar, então troquei o café por 5 minutos de papo, que renderam tristes relatos de problemas familiares como abandono e alcoolismo, seguidos por um sorriso e a certeza de que as coisas estão melhorando. Infelizmente essas pessoas não quiseram ser fotografadas. Claro que entendo, pela situação delas, mas lamento porque trabalho em um Foto Clube da minha cidade, e era aquele o tipo de fotografia que queria levar para casa, aquela que carrega consigo histórias.

Enfim, saí de Chicago com a missão de sugerir a mais gente que faça essa viagem, ou esse tipo de viagem, com esse tipo de olhar. É claro que uma cidade incrível ajuda no saldo positivo, mas o turista também é peça fundamental. Dois meses depois, estava no Rio e conheci um casal de idosos que eram de Chicago. Quando disse que estive lá, a primeira coisa que falaram foi: “aposto que foi um dos lugares incríveis que você já visitou”. Poxa, com uma cidade daquelas fica fácil apostar assim.

*Por Thiago Guimarães Cobra é advogado, fotógrafo amador e diretor social do Foto Clube Pouso Alegre